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Clínicas e estúdios devem bancar remoção de tatuagem de rapaz torturado

13/06/2017 - 18:34

Nos últimos dias, após a repercussão da notícia da tortura de um rapaz de 17 anos, que teve a testa tatuada a força, clínicas estéticas e estúdios de tatuagem procuraram a família do jovem se oferecendo para fazer a remoção gratuitamente. Vando Rocha, tio do garoto, explica que diante das ofertas, eles ainda vão escolher qual a melhor opção. Em nota, a Prefeitura de São Bernardo também se colocou a disposição da família e afirmou que vai garantir o procedimento por meio de um convênio com a Faculdade de Medicina do ABC.

“A prioridade é um local que faça o serviço com qualidade”, afirma Roberto Batista, representante do coletivo Afroguerrilha, responsável pela vaquinha que pretendia pagar pela remoção. Criada no sábado (10), dia seguinte ao da divulgação do vídeo feito pelo tatuador e um vizinho, a vaquinha virtual já havia arrecadado quase R$ 20.000 nesta segunda-feira (12), superando a meta de R$ 15.000.

Batista afirma que o dinheiro arrecadado será entregue para a avó e tio do garoto, com quem ele mora, que estariam passando necessidade financeiras, com abastecimento de luz e água cortados.

— Também vamos procurar o Ademilson de Oliveira, dono da bicicleta que o R.R. da Silva teria tentado roubar e motivou toda a agressão. A ideia é perguntar se ele tem interesse em uma bicicleta nova, e de que tipo.

Ademilson de Oliveira é deficiente físico e em entrevista ao Domingo Espetacular não confirmou a tentativa de roubo da bicicleta. “Eu fiquei sabendo pelo tatuador e vi o vídeo, mas nem vi o moleque em casa, porque cheguei tarde”, afirmou ele, que também disse ser contra a agressão.

— Acabou com a vida do moleque… como ele vai conseguir um trabalho daqui a uns dias?

Prisão


Maycon Wesley Carvalho dos Reis, de 27 anos, tatuador responsável pela frase “sou ladrão e vacilão” marcada na testa do jovem, e Ronildo Moreira de Araújo, de 29 anos, pedreiro e vizinho de Maycon passaram por audiência de custódia no sábado (10). Na ocasião, a juiza Inês Del Cid, da Vara Criminal de São Bernardo do Campo, decretou a prisão preventiva deles.

Ambos se encontram presos no Centro de Detenção Provisória da cidade, onde aguardarão julgamento. Eles respondem pelo crime de tortura, que pode levar a até 8 anos de prisão, podendo chegar a 10 anos caso o juiz responsável pelo caso avalie que a tatuagem caracterize lesão corporal grave.

Entenda o caso


Maycon Carvalo, Ronildo Moreira e Ademilson de Oliveira são todos moradores de uma pensão localizada no centro de São Bernardo, na região metropolitana de São Paulo. Segundo o tatuador e o próprio jovem, R.R. teria entrado no imóvel para roubar a bicicleta do deficiente para a compra de drogas. O garoto de 17 anos é dependente químico, já foi internado três vezes e sofre de hiperatividade e transtorno de déficit de atenção, segundo o tio do garoto.

Flagrado pelo tatuador e o pedreiro, R.R. foi rendido e obrigado a pedir para ser tatuado na testa. O vídeo divulgado nas redes sociais mostra o rapaz acuado, sentado em um corredor da pensão, enquanto os agressores se divertem com a situação: “vai doer… vai doer!”, comenta o tatuador.


Após a divulgação do vídeo nas redes sociais, a família procurou o 3º DP de São Bernardo que localizou os agressores e os prenderam em flagrante.